FÉRIAS: QUANDO OS PAIS PERCEBEM MAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO DOS FILHOS

Catarina da Isabel, Musicoterapeuta e Terapeuta da Fala

As férias escolares são, para muitas famílias, uma oportunidade preciosa de passar mais tempo juntos.

Com a rotina menos acelerada, os dias tornam-se mais flexíveis e, finalmente, há tempo para observar com mais atenção: como o seu filho brinca, comunica, reage, participa. E é muitas vezes neste tempo em que tudo parece mais “leve” que os pais percebem o peso de algumas dificuldades.

“Ele parece não entender algumas instruções simples…”

Durante o ano letivo, entre escola, atividades e tarefas, é fácil atribuir certas dificuldades à distração, cansaço ou “fases”. Mas nas férias, sem pressas, os momentos do dia-a-dia — como um jogo em família, uma ida ao parque ou até a hora das refeições — revelam padrões que preocupam:

Na linguagem e comunicação:

  • O seu filho tem dificuldade em seguir instruções simples?

  • Parece não compreender bem o que lhe dizem?

  • Evita falar ou responde com palavras muito limitadas?

  • Frustra-se facilmente em jogos ou em tarefas em grupo?

Mas também…

Na área emocional e comportamental, há sinais que podem surgir com mais clareza:

  • Mudanças bruscas de humor ou irritabilidade frequente

  • Dificuldade em lidar com a frustração ou esperar a sua vez

  • Medos ou inseguranças que parecem exageradas

  • Evita situações sociais ou fica demasiado dependente dos adultos

  • Dificuldade em brincar de forma autónoma

  • Comportamentos repetitivos, agitação constante ou falta de foco

  • Regressos a comportamentos já ultrapassados (como chuchar no dedo ou fazer birras intensas)

A convivência revela o que a rotina esconde

É importante dizer: não é culpa dos pais só perceberem agora.

Na verdade, as férias são mesmo um momento privilegiado para observar com calma e afeto. Muitas vezes, é esse tempo em família que desperta a consciência de que algo pode precisar de apoio.

Ao passarem mais tempo com os filhos, os pais tornam-se observadores atentos: notam os sons trocados, as dificuldades em contar histórias, mas também a forma como lidam com os outros, com as emoções e com os desafios do dia-a-dia.

Quando procurar ajuda?

Sempre que algo persiste ou preocupa. O desenvolvimento emocional, comportamental e da linguagem segue ritmos diferentes, mas há sinais que merecem atenção.

Falar com um profissional — seja um terapeuta da fala, psicólogo ou outro técnico especializado — pode ajudar a esclarecer dúvidas, avaliar as necessidades da criança e, sobretudo, trazer estratégias para apoiar o seu filho a tempo.

E se for só uma fase? Ótimo! Mas se não for…

Quanto mais cedo a intervenção, melhor. As férias podem ser o começo de um novo caminho: mais leve, mais apoiado, mais consciente.

Porque estar presente é o primeiro passo. E as férias dão, finalmente, esse tempo.

Tem dúvidas sobre o desenvolvimento do seu filho?

Fale connosco. A avaliação não é um rótulo — é um cuidado. 🌿

 
 

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