ANIMAIS E CRIANÇAS: COMO PROMOVEM O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL

Catarina da Isabel, Musicoterapeuta e Terapeuta da Fala

Ter um animal por perto pode ser muito mais do que uma companhia divertida para uma criança. A relação com os animais é uma experiência rica em aprendizagens emocionais, sociais e sensoriais.

E, para muitas famílias, essa ligação pode ser um verdadeiro apoio no desenvolvimento saudável da criança.

Neste artigo, vamos explorar como a convivência com animais pode impulsionar áreas fundamentais do desenvolvimento infantil.

  1.  Relações que ensinam empatia e vínculo

    A presença de um animal pode ensinar às crianças uma das competências mais valiosas da vida: a empatia. Ao cuidar de um ser vivo que sente fome, dor ou alegria, a criança começa a compreender que os outros também têm emoções e necessidades.

    Criam-se rotinas de cuidado e momentos de afeto que fortalecem o vínculo emocional, muitas vezes comparável ao que se estabelece entre pares ou irmãos. Para crianças com dificuldades de socialização, os animais são um “porto seguro” — respondem com previsibilidade, não julgam e oferecem conforto.

  2. Responsabilidade adaptada à idade

    Cuidar de um animal é um ótimo treino para o sentido de responsabilidade. Mesmo pequenas tarefas, como colocar água, escovar o pelo ou avisar quando é hora de passear, ajudam a criança a sentir-se útil e envolvida.

    Com o apoio dos adultos, as crianças desenvolvem a noção de rotina e compromisso, o que impacta positivamente a organização emocional e comportamental.

  3. Comunicação e linguagem

    Muitas crianças falam com os seus animais antes de se sentirem à vontade para falar com outras pessoas. Esse “diálogo imaginário” é riquíssimo: melhora a linguagem expressiva, reforça a intencionalidade comunicativa e até serve como espaço seguro para treinar conversas ou lidar com emoções difíceis.

    Para crianças com perturbações do neurodesenvolvimento, os animais muitas vezes atuam como mediadores da comunicação, facilitando a interação com adultos e pares.

  4. Autoestima e confiança

    Ser reconhecido como alguém capaz de cuidar de outro ser vivo tem um impacto direto na autoestima da criança. Sentir que o animal responde, procura a sua companhia e depende dela é, para muitas crianças, uma fonte de orgulho e motivação.

    Este tipo de relação promove um sentimento de competência, algo essencial no desenvolvimento emocional infantil — especialmente em fases em que a criança lida com inseguranças ou mudanças.

  5. Estimulação sensorial natural e envolvente

    Tocar no pelo, sentir o calor do animal, escutar sons ou movimentar-se para brincar com ele são formas ricas e naturais de estimulação sensorial.

Estas experiências são especialmente benéficas para crianças com necessidades sensoriais específicas (como no caso de crianças com perturbações do espetro do autismo), pois permitem uma regulação mais orgânica e envolvente do sistema sensorial. 

Quando a presença de um animal faz ainda mais diferença 

A relação com animais pode ser uma ferramenta poderosa em contextos como:

  • Intervenção terapêutica (ex: terapia assistida por animais);

  • Processos de luto, separações ou mudanças familiares;

  • Promoção da autonomia em crianças com desenvolvimento atípico;

  • Aumento da motivação para a comunicação ou movimento.

 Em resumo: 

A convivência com animais pode ser um verdadeiro aliado no desenvolvimento emocional e relacional das crianças. Mais do que uma brincadeira, é uma relação significativa que ensina, conforta, estimula e transforma.

Nem todas as famílias podem ter um animal em casa, mas mesmo o contacto regular com animais — num espaço de terapia, numa quinta pedagógica, ou através de visitas — pode fazer a diferença.

 
 

@terapiaaoquadrado

Anterior
Anterior

OS DESAFIOS DOS CANHOTOS: IDEIAS DE MATERIAIS E BRINCADEIRAS

Próximo
Próximo

TIPOS DE VINCULAÇÃO E O SEU IMPACTO NA VIDA ADULTA