Inês Santos, Psicóloga

Durante muito tempo, a figura materna foi vista como a principal responsável pelos cuidados e pela educação dos filhos, enquanto o pai era associado ao sustento da família.

No entanto, hoje sabemos que pai e mãe exercem papéis diferentes, mas complementares, no desenvolvimento da criança. Cada um contribui de maneira única para a construção da identidade, da autonomia e da segurança emocional dos filhos.

Papéis diferentes, mas complementares

A mãe, tradicionalmente associada ao cuidado e à proteção, oferece um vínculo de apego seguro desde os primeiros momentos de vida da criança. Ela proporciona acolhimento, conforto e estabilidade emocional. O pai, por outro lado, costuma incentivar a exploração do meio, a independência e a resiliência. Enquanto a mãe tende a reforçar a segurança emocional, o pai frequentemente desafia a criança a testar os seus limites e a enfrentar situações novas.

Essa dualidade é essencial para um desenvolvimento equilibrado. A interação com a mãe ensina a criança sobre empatia e cuidado, enquanto o relacionamento com o pai a estimula a resolver problemas, arriscar de forma controlada e desenvolver competências sociais importantes.

Como a interação com o pai ajuda a desenvolver características específicas

Coragem e Autoconfiança
Os pais, muitas vezes, incentivam brincadeiras mais físicas e que desafiam as capacidades dos filhos, como correr, escalar e experimentar coisas novas. Este tipo de interação ajuda a criança a superar medos, a ganhar autoconfiança e a aprender a lidar com o risco de forma saudável.
Resolução de Problemas
A forma como os pais brincam e interagem frequentemente estimula o pensamento lógico e a tomada de decisões. Jogos competitivos, desafios e brincadeiras estruturadas ajudam a criança a desenvolver a sua capacidade de resolução de problemas e a lidar com frustrações.
Desenvolvimento Social
De uma forma geral, os pais tendem a estimular mais a socialização e a independência. Muitas vezes incentivam a criança a interagir com outras pessoas e assim a desenvolver estratégias para comunicarem melhor e se defender, se necessário, em diferentes contextos.
Regulação Emocional
Enquanto a mãe frequentemente conforta, o pai pode ajudar a criança a regular emoções, ensinando-a a lidar com frustrações e a manter o controlo em situações mais desafiadoras.

Conclusão

O desenvolvimento saudável da criança depende da interação equilibrada entre pai e mãe. Enquanto a mãe traz acolhimento e proteção, o pai incentiva a coragem, a independência e a resolução de problemas. Ambos os papéis são essenciais e, juntos, ajudam a formar crianças seguras, confiantes e preparadas para os desafios da vida.

Independentemente da configuração familiar, o mais importante é garantir que a criança tenha figuras de referência que ofereçam amor, suporte e estímulo para o seu crescimento.

Referências

Allen, S., & Daly, K. (2007). The influence of father involvement on children’s development: A review of the evidence. University of Guelph. Centre for Families, Work & Well-Being.

Lamb, M. E. (Ed.). (2010). The role of the father in child development (5ª ed.). Wiley.

Umberson, R., Pudrovska, T., & Reczek, C. (2010). Parenthood, childlessness, and well-being: A life course perspective. Journal of Marriage and Family, 72(3), 612-629. https://doi.org/10.1111/j.1741-3737.2010.00721.x