PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

Mariana Tomé, Psicóloga

A Perturbação do Espetro do Autismo (PEA) é uma perturbação do neurodesenvolvimento.

Caracterizada por défices persistentes na comunicação e na interação social em vários contextos e padrões de comportamentos, interesses ou atividades restritas e repetitivas.

A PEA deve ser encarada como uma perturbação que se caracteriza por um contínuo, entre o nível mais grave e o nível mais ligeiro, e será esse nível que irá determinar a necessidade de apoio e intervenção. Contudo, por se tratar de uma perturbação crónica que impacta o desenvolvimento da criança, o seu diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível para que a intervenção seja iniciada o quanto antes.

Alguns sinais de alerta:

  • Não olhar nos olhos

  • Não responder quando se chama pelo seu nome

  • Não compreender quando se fala diretamente com a criança

  • Não usar gestos (como apontar, dizer adeus)

  • Dificuldades em imitar

  • Não se envolver em jogos interativos

  • Levar o adulto pela mão e não fazer pedidos verbalmente

  • Alinhar, empilhar, rodar objetos de forma repetitiva e obsessiva

  • Dificuldades em brincar com brinquedos novos

  • Dificuldades na adaptação a situações novas e mudanças de rotina

  • Ter movimentos repetitivos (estereotipias – andar em bicos de pés, balancear, rodopiar, saltinhos)

Mas será que conhece bem a Perturbação do Espetro do Autismo?

  • O seu diagnóstico é facilmente realizado, uma vez que apresentam um padrão típico de indiferença socioemocional?

Falso. O diagnóstico requer uma avaliação multidimensional que caracterize a criança na sua esfera de comunicação, interação social e comportamental. Embora estejam descritas algumas características comuns em crianças com PEA, esta manifesta-se forma idiossincrática e cada criança terá as suas características, exigindo uma avaliação cuidadosa e rigorosa.

  • Uma pessoa diagnosticada com PEA nunca poderá desenvolver uma vida relativamente normal?

 Falso. Atendendo sempre ao nível de gravidade e às características e cada indivíduo, é possível que uma pessoa com PEA desenvolva uma vida independente e estável do ponto de vista individual, relacional e profissional. Com uma intervenção precoce e eficaz de uma equipa multidisciplinar, é possível desenvolver competências e estratégias que permitam a sua independência.

  • As características começam a ser notórias e manifestar-se entre os 12 e 24 meses, embora possam estar presentes logo no primeiro ano de vida?

Verdadeiro. As primeiras manifestações frequentemente envolvem o atraso no desenvolvimento da linguagem, a ausência de interação social e/ou padrões incomuns ao nível da comunicação, e surgem, habitualmente, depois dos 12 meses. Contudo, algumas características podem ser visíveis ainda antes desse marco, sendo um indicador de maior gravidade no espetro; também é possível que uma criança tenha um desenvolvimento normativo até aos 24 meses e só depois apresente alguns retrocessos.

  • A PEA é mais prevalente em indivíduos do sexo masculino?

Verdadeiro. Evidências científicas mostram que a PEA é quatro vezes mais diagnosticada em crianças do sexo masculino. No entanto, a gravidade do espetro tende a ser maior em crianças do sexo feminino.

  • A PEA é uma doença?

Falso. A PEA é sim uma condição do neurodesenvolvimento da criança e tem impacto na forma como esta se percepciona e relaciona com o meio.

  • A PEA não tem cura?

Verdadeiro. Contudo, as intervenções disponíveis hoje em dia para a PEA revelam bom prognóstico e resultados significativos na melhoria da qualidade de vida das crianças. A intervenção será mais eficaz quanto mais precocemente tiver início, pelo que é importante estar alerta às características desta perturbação para que o diagnóstico seja feito atempadamente.

Em suma, a compreensãoaceitação e apoio contínuo são fundamentais para construirmos uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todas as pessoas que vivem no espetro do autismo.

Cada história é única e ao abraçarmos a diversidade, estamos a construir pontes para um mundo onde todos têm espaço para brilhar.

 
 

@terapiaaoquadrado

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