COMO RECONHECER E APOIAR CRIANÇAS COM DIFICULDADES NA TRANSIÇÃO DO INFANTÁRIO PARA O 1.º CICLO

Rita Gomes Aires, Terapeuta da Fala

A transição do infantário (pré-escolar) para o 1.º ciclo (ensino primário) é um momento importante e por vezes desafiante para muitas crianças. Algumas adaptam-se naturalmente, mas outras podem demonstrar dificuldades emocionais, comportamentais ou de aprendizagem.

Reconhecer esses sinais cedo e apoiar com sensibilidade faz toda a diferença.

Como reconhecer dificuldades na transição

1. Comportamentos emocionais

  • Choro frequente ao chegar à escola

  • Regressão (como voltar a fazer xixi na cama)

  • Aumento da ansiedade ou medos (ficar longe dos pais, medo da escola)

  • Irritabilidade ou birras intensas

2. Comportamentos sociais

  • Isolamento ou dificuldade em fazer amigos

  • Aversão ao grupo ou às atividades escolares

  • Recusa em falar sobre a escola em casa

3. Sinais cognitivos e de aprendizagem

  • Dificuldade em manter a atenção nas tarefas

  • Frustração fácil ao realizar atividades novas

  • Recusa ou desmotivação persistente para aprender

4. Sinais físicos

  • Dores de barriga ou cabeça frequentes (sem causa médica)

  • Alterações no sono ou apetite

 

Como apoiar a criança nessa fase

1. Estabelecer uma rotina previsível

  • Horários consistentes para acordar, refeições, estudo e dormir ajudam a dar segurança emocional.

  • Use quadros visuais ou histórias sociais para explicar o que vai acontecer.

2. Validar emoções sem exagerar o problema

  • Frases como: “É normal sentires-te um pouco nervoso, estás a começar algo novo." ajudam a criança a nomear e aceitar o que sente.

  • Evite minimizar com: “Não há razão para isso.”

3. Trabalhar a autonomia

  • Encoraje a criança a vestir-se sozinha, arrumar a mochila, escolher o lanche - pequenas tarefas que aumentam a autoestima.

4. Acompanhar de perto o início das aulas

  • Esteja presente no início e no fim do dia escolar (se possível).

  • Pergunte como correu o dia com perguntas abertas:
    “O que foi mais divertido hoje?” ou “O que foi mais difícil?”

5. Manter comunicação com a escola

  • Fale regularmente com o/a professor(a) titular.

  • Combine estratégias entre casa e escola para dar coerência às respostas dadas à criança.

6. Apoio psicológico ou pedagógico (se necessário)

  • Se os sinais forem persistentes ou intensos, considerar uma avaliação com um psicólogo infantil, terapeuta da fala terapeuta ocupacional ou psicomotricista.

 
 

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