COMO FALAR SOBRE AS EMOÇÕES COM CRIANÇAS PEQUENAS

Bruna Mateus, Psicóloga

A importância das emoções desde o nascimento

Desde os primeiros dias de vida, as emoções acompanham o ser humano e manifestam-se de diversas formas. O bebé chora para demonstrar desconforto, sorri diante de estímulos agradáveis e reage com surpresa a acontecimentos inesperados. À medida que cresce, essas manifestações tornam-se mais complexas, mas a criança continua a precisar do apoio dos cuidadores para aprender a identificar, compreender e gerir o que sente.

O impacto da educação emocional na infância

A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento emocional e relacional que se estenderá à vida adulta. Dar à criança a oportunidade de nomear e expressar suas emoções em um espaço seguro fortalece a autoconfiança e ajuda-a a lidar de forma equilibrada com frustrações. Compreender os próprios sentimentos também facilita a percepção das emoções alheias, favorecendo interações sociais mais saudáveis.

Estudos em psicologia mostram que a capacidade de reconhecer e regular emoções está ligada a maior equilíbrio emocional, melhor desempenho escolar, competências sociais mais sólidas e maior resiliência perante adversidades.

O papel do adulto na educação emocional

O objetivo do adulto não é impedir que a criança sinta tristeza, raiva ou medo, mas mostrar que essas emoções são naturais e têm um papel importante no desenvolvimento. É essencial ensinar que não é necessário reprimir o que se sente, mas sim aprender formas saudáveis de expressar e gerir cada emoção.

Esse acompanhamento contribui para a construção de autoconfiança, segurança emocional e desenvolvimento de competências sociais que acompanham a criança em todas as fases da vida. Crescer num ambiente em que os sentimentos são reconhecidos e trabalhados ajuda a criança a tornar-se mais consciente de si mesma, mais empática e mais preparada para enfrentar desafios futuros.

Estratégias para conversar sobre emoções

  1. Nomear sentimentos
    Utilizar linguagem emocional contribui para que a criança associe situações do dia-a-dia ao que está a sentir.
    Exemplo: “Ficaste triste porque perdeste o jogo” ou “Estás entusiasmado porque vais brincar com o teu amigo”.

  2. Validar e acolher
    Reconhecer e validar as emoções da criança, demonstrando que “sentir” é permitido, mesmo que o comportamento não seja adequado.                              Exemplo: “Eu entendo que estejas chateado porque querias continuar a brincar”.

  3. Ensinar formas de regulação
    Técnicas simples, como respirar fundo, pedir um abraço, usar palavras para pedir ajuda ou procurar um espaço tranquilo, ajudam a criança a lidar com momentos de intensidade emocional.

  4. Dar o exemplo
    Quando os adultos expressam suas emoções de forma equilibrada, promovem modelos de comportamento que as crianças tendem a reproduzir.

  5. Criar momentos de diálogo
    Perguntas no final do dia, como “O que te deixou feliz?” ou “O que te deixou chateado?”, incentivam a reflexão e promovem boa comunicação.

  6. Utilizar recursos lúdicos
    A utilização recursos ou atividades lúdicas (e.g., desenhos, histórias e músicas), podem facilitar a identificação emocional.

Conclusão

A educação emocional permite que as crianças compreendam que todas as pessoas sentem emoções e que nenhuma delas deve ser considerada “boa” ou “má”. Ela fornece ferramentas para lidar de forma saudável com cada sentimento, reforça a autoconfiança, fortalece a empatia e contribui para a preparação da criança diante dos desafios da vida. O uso de exemplos práticos, linguagem acessível e acolhimento emocional cria um ambiente seguro, onde a criança se sente livre para explorar, comunicar e desenvolver-se.

 
 

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