CONSCIÊNCIA EMOCIONAL: COMO AJUDAR AS CRIANÇAS A RECONHECER O QUE ESTÃO A SENTIR?

Joana Martinho, Psicóloga

As emoções constituem uma forma de manifestação de necessidades e de resposta a estímulos internos (pensamentos, comportamentos) ou externos (situações, pessoas, objetos).

Acompanham-nos diariamente, momento a momento, contudo, raramente falamos delas com os mais pequenos. Estas têm um papel fundamental na vida da criança, influenciando a forma como pensa, o seu comportamento e a forma como se relaciona com os outros e o mundo à sua volta. Sendo que, quando não conseguem identificar e processar as emoções, pode surgir a dificuldade em estruturar o comportamento mais adequado nessas situações.

A consciência emocional constitui uma componente da inteligência emocional, é a capacidade de reconhecer e compreender as suas próprias emoções e as dos outros, nomeadamente, através da comunicação verbal e não verbal. Neste sentido, é necessário experimentar as emoções, conhecer as emoções (caracterizá-las, reconhecer a sua intensidade, quais as situações que as desencadeiam, como se manifestam no corpo), para depois as transformar (formas de expressar o que sente e como gerir as emoções).

O adulto pode ser facilitador deste processo da seguinte forma:

  1. Observar atentamente o comportamento da criança, escutar com atenção, proporcionando um ambiente seguro, revelando presença e disponibilidade;  

  2. Reconhecer e validar a emoção, revelando uma atitude contentora, empática e sem julgamento. Nomear a emoção (e.g., “Vejo que estás triste”, “Pareces zangado, se quiseres falar sobre o que aconteceu”, “Compreendo que estejas com medo, mas vai ficar tudo bem”).

  3. Facilitar a identificação do que a criança sente externamente no seu corpo, que zonas do corpo ficam ativadas (e.g., coração acelerado, agitação, tensão muscular).

  4. Recorrer a jogos, livros, materiais didáticos (como cartas) que auxiliem na identificação das emoções.

  5. Ser um modelo – incitar ao diálogo sobre as emoções (e.g., “hoje sinto-me um pouco cansada, acho que preciso de descansar um pouco”). Partilhar as emoções em família - criar um ritual diário para partilhar as emoções que estiveram presentes no dia.

  6. Auxiliar a criança a lidar com o que está a sentir: incentivar a falar sobre o que sente, a recorrer a estratégias como a respiração, o relaxamento, a distração.

  7. Ambiente seguro, apoiante e acolhedor.

Exemplos de atividades a desenvolver com as crianças:

  • Jogo da mímica – representar as emoções através das expressões faciais associadas.  

  • Expressão artística das emoções, por exemplo através do desenho, da música, da imaginação.

    • Como imaginas a raiva? De que cor? Se fosse um animal qual seria?

    • O que é que a tristeza te diz, o que a faz crescer e ficar maior?

    • Se o medo fosse uma música, qual seria?

    • Se a alegria fosse um objeto qual seria?

  • Colocar um cenário imaginado e pedir à criança para identificar as emoções presentes em cada personagem envolvida e como agiria na situação. “Imagina um grupo de crianças a brincar às escondidas. Está um menino num canto do recreio com quem ninguém está a brincar.”:

    • Como achas que se sentem as crianças que estão a brincar todas juntas?

    • Como se sente o menino que não está a brincar com ninguém?

    • O que poderias fazer para ajudar o menino que está triste a sentir-se melhor?

  • Construir um termómetro de emoções (considerando por exemplo as personagens do filme “Divertidamente 2”) e utilizar como instrumento de deteção e nomeação da emoção.

 
 

@terapiaaoquadrado

Próximo
Próximo

SABIA QUE O TIPO DE MORDIDA DENTÁRIA PODE INFLUENCIAR A MASTIGAÇÃO E A FALA?