A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Ana Filipa Lamelas, Psicóloga
O funcionamento familiar desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das crianças e jovens, podendo por esse motivo ter um impacto direto sobre o comportamento alimentar dos mesmos.
O que deve a família ter em conta para promover nos filhos uma relação mais saudável com a comida?
Importância das refeições em família: realizar refeições em família propicia rotina, consistência, união familiar e melhores hábitos alimentares, os quais têm maior probabilidade de ser transpostos para as escolhas alimentares realizadas em contexto social e vida adulta.
Refeições sem tecnologia: a utilização de tecnologia por parte das crianças/adolescentes durante as refeições, pode levar à ingestão de uma maior quantidade de comida, assim como à ingestão de comida com pior qualidade nutricional. Deste modo, as refeições familiares podem ser uma estratégia no combate à utilização de tecnologia durante as refeições.
Apoio e confiança na família: é um preditor significativo da dependência de comida em jovens, uma vez que os jovens que percebem ter maior apoio e confiança na família, reportam menor dependência de comida. Contudo, não basta existir um funcionamento familiar eficaz, este tem de ser percebido como tal pelos jovens, sendo este um desafio acrescido às famílias. Deste modo, um funcionamento familiar positivo, onde está presente apoio, comunicação, afeto, controlo, interesse e expetativas pelas atividades dos filhos, estratégias escolares adequadas, sensibilidade e disciplina, promove um desenvolvimento mais saudável dos jovens, o que se reflete numa relação igualmente mais saudável com a comida. Adicionalmente, é ainda importante salientar que a existência de apoio e confiança no seio familiar, são cruciais para a redução da probabilidade de se desenvolverem problemas psicológicos nos filhos.
Autonomia: um ambiente familiar que promove uma menor autonomia aos filhos relativamente à alimentação (e.g., obrigar ou proibir de comer, pouco espaço para recusa e oferta de recompensas), gera dificuldade de perceção de saciedade, assim como promove igualmente maiores níveis de stress, o que se reflete em escolhas alimentares menos adequadas, havendo ingestão de um maior porte calórico como estratégia de autorregulação.
Concluindo...
O modo como a família funciona e estabelece rotinas, pode ter um impacto direto sobre a relação que os filhos estabelecem com a comida. É importante que a família promova um ambiente familiar coeso e emocionalmente disponível, de modo a que as crianças/adolescentes sintam que existe uma comunicação eficaz, o que lhes permite criar uma relação com a comida mais saudável, tendo uma capacidade de autorregulação mais eficiente.
Sugestão...
Para maior conhecimento da dependência de comida em jovens portugueses, não hesite em ler o trabalho desenvolvido pela nossa Psicóloga Ana Filipa Lamelas, apresentado em 2024 no 15º Congresso Nacional de Psicologia da Saúde.
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/37101/1/Viseu_et_al_2024.pdf




