RELAÇÃO ENTRE A COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA (CAA) E A PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO (PEA)
Inês Januário, Terapeuta da Fala
Comunicar é algo inato para uma grande parte dos indivíduos, que está presente nas mais variadas dimensões da vida humana.
É um processo natural e automático que permite transmitir e/ou receber diversas informações, quer de forma intencional ou não e independentemente da forma (verbal, não verbal, oral e/ou escrita).
Comunicar é essencial e possibilita a integração e participação ativa na sociedade. No entanto, este processo não é eficaz para todos, existindo Pessoas com Necessidades Complexas de Comunicação (NCC), como é o caso da Perturbação do Espetro de Autismo (PEA) cuja algumas das principais fragilidades ocorrem ao nível da interação e comunicação social (Lorga, Mendes & Peixoto, 2020; SPTF, 2020; Varela 2023). Nestes casos, verificam-se, muitas vezes, restrições à participação na sociedade, condicionando a transmissão da informação para os interlocutores e/ou a sua interpretação por parte dos mesmos.
Considerando as fragilidades comunicativas relacionadas com a PEA, muitas vezes, a CAA é considerada uma opção vantajosa para a intervenção, promovendo competências como a interação social, intencionalidade e funcionalidade comunicativa, autonomia, linguagem, promover a regulação comportamental e emocional, comunicação multimodal, competências de literacia, bem como permite a antecipação de rotinas (Lorga, Mendes & Peixoto, 2020).
A Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)
Surge para colmatar ou minimizar fragilidades comunicativas. Consiste num conjunto de estratégias e ferramentas que podem complementar a comunicação ou consistir mesmo numa alternativa, tornando o indivíduo o mais funcional e participativo possível na sociedade (Lorga, Mendes & Peixoto, 2020; SPTF, 2020; Varela 2023). Dependendo da Pessoa e da necessidade, pode ser considerada temporária ou permanente, podendo ou não estar associada ao uso de tecnologia. Pode ser utilizada por qualquer pessoa de qualquer faixa etária e a sua seleção e construção deve ter como foco as capacidades, caraterísticas e preferências dos utilizadores e dos cuidadores/principais interlocutores (Lorga, Mendes & Peixoto, 2020).
A implementação de CAA exige um trabalho colaborativo entre os vários participantes na vida da Pessoa, desde pais a professores, técnicos e outros que façam parte das suas rotinas e vivências, nos seus diversos contextos (Varela, 2023).
Concluindo, a utilização de CAA em crianças com PEA traz inúmeros benefícios e vantagens e exige a participação ativa de todos os interlocutores presentes na vida da Pessoa. Cada CAA é única e adaptada às necessidades do seu utilizador, visando a sua comunicação eficaz e eficiente.
Referências
Lorga, C., Mendes, A., & Peixoto , V. (2020). Autismo e Comunicação Aumentativa e Alternativa. Em V. Peixoto , J. Rocha , & F. Maia, Metodologias de Intervenção em Terapia da Fala, 2º volume (pp. 87-121). Publicações Universidade Fernando Pessoa.
SPTF. (2020). Dicionário Terminológico de Terapia da Fala . Papa-Letras .
Varela, I. (2023). O Sistema de Comunicação e o seu Papel na Construção de uma Comunicação Efetiva. Em H. Reis, Compreendendo o Autismo: do pensar familiar ao pensar técnico (pp. 91-104). Papa-Letras.




