SERÁ QUE SOU UM PAI SUPERPROTETOR?
Departamento de Psicologia
É NORMAL QUERER O MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS E PROTEGÊ-LOS DE QUALQUER PERIGO. MAS, POR VEZES, PODEMOS QUESTIONAR SE ESTAMOS A SER DEMASIADO PROTETORES.
A SUPERPROTEÇÃO PODE SER ENTENDIDA COMO O CUIDADO EM EXCESSO, PELOS PAIS COM OS SEUS FILHOS, QUE PODERÁ RESULTAR NUM BLOQUEIO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.
Esta inibição em explorar o mundo é vista como uma frustração para a mesma, que, com o passar do tempo, poderá gerar problemas sociais e afetivos. A maior parte dos pais que superprotege consideram que estão a fazer o melhor para o seu filho. Assim, podem não ter a consciência clara de que estão a ultrapassar o limite do desejável nos cuidados que estão a prestar à criança.
A criança poderá crescer com um conjunto de percepções enviesadas, nomeadamente de que o mundo é um lugar perigoso, de que ela é incapaz de lidar com as dificuldades ou de que precisa dos outros para resolverem os seus problemas. Crianças mais protegidas tendem a sentir-se inferiores às outras e, habitualmente, não têm oportunidades para que possam desenvolver os recursos e as competências necessários para lidar com o mundo.
Esse zelo pode, infelizmente, ter um impacto negativo no desenvolvimento das crianças.
Bloqueio no Desenvolvimento: Quando somos superprotetores, às vezes sem nos darmos conta, acabamos por limitar as oportunidades de aprendizagem e crescimento dos nossos filhos. Eles precisam de espaço para explorar e experimentar o mundo ao seu redor.
Desenvolvendo Resiliência: Ao evitar que enfrentem desafios, falhas ou situações desconfortáveis, estamos a privá-los da oportunidade de desenvolver resiliência, autoconfiança e habilidades para lidar com adversidades.
Independência Prejudicada: A superproteção pode impedir que as crianças desenvolvam a sua independência e habilidades para resolver problemas. Elas podem ficar dependentes dos pais para as decisões e tarefas do dia a dia.
Autoestima e Autoconfiança: Deixar as crianças enfrentarem desafios apropriados para a idade e superá-los constrói a sua autoestima e autoconfiança. Quando sempre estamos lá para resolver os problemas, elas podem sentir que não são capazes.
Relações Sociais: A superproteção também pode afetar as relações sociais das crianças. Elas podem ter dificuldade em lidar com a frustração ou em compreender as dinâmicas sociais, já que não tiveram a chance de enfrentar pequenos desafios desde cedo.
Dicas para os pais que (talvez) protegem demais:
Dê liberdade em troca de responsabilidade. Se o seu filho demonstra ter maturidade para enfrentar os desafios e as regras que os pais estipulam,pode aumentar gradualmente o nível de autonomia da criança de acordo com a idade que ela tem;
Ensine-a a resolver problemas e a saber identificar situações de risco e de proteção (pedir ajuda, fazer uma chamada de emergência, estratégias para resolver um conflito);
Incentive o seu filho a ser sincero e a comunicar consigo sobre as suas preocupações, medos ou dificuldades;
Crie uma rede de apoio.
Ensine o seu filho a identificar pessoas de confiança e mantenha-se em contacto com os amigos da criança e com os seus pais;
Permita que o seu filho explore o mundo e seja aventureiro;
Ajude o seu filho a ver as coisas más do mundo “em perspetiva” e a tornar-se resiliente;
Ajude mas não esteja sempre a impedir que sofra ao fazer os trabalhos de casa por ele para que não seja castigado pelo professor.
É importante lembrar que, como pais, o nosso papel é orientar, apoiar e estar lá para as nossas crianças. Mas também é fundamental permitir que elas cresçam, aprendam com os erros e se tornem indivíduos independentes. Encontrar um equilíbrio entre proteção e liberdade é essencial para o seu desenvolvimento saudável.